Assunto: Yeda derrota o impeachment
Para:
Data: Quarta-feira, 28 de Outubro de 2009, 8:26
Yeda derrota o impeachment
23/10/2009 16:31:42
Paulo Cezar da Rosa
Na última terça feira, 20, a governadora Yeda Crusius obteve uma
importante vitória na Assembleia gaúcha. Com 30 votos a favor e 17 contra,
o processo que pedia sua cassação foi encerrado. Os deputados que a apoiam
votaram pelo do relatório da deputada Zilá Breitenbach (PSDB) que requiria
arquivamento do pedido de impeachment da governadora tucana. Em cadeia
nacional, a deputada declarou que não cabia instalar uma Comissão
Parlamentar de Inquérito “porque as provas não eram suficientes” (sic).
O resultado já era esperado. No início do ano, líderes da oposição já
avaliavam que dificilmente um pedido de impeachment iria prosperar na
Assembleia “porque 2/3 da Casa estão comprometidos”, me afirmou um
deputado. Após a votação, foram ouvidos fogos de artifícios próximos ao
Palácio Piratini.
Agora, o próximo passo do governo deve ser enterrar também a CPI da
Corrupção, que está travada na Assembleia. Com isso, Yeda recuperaria as
condições mínimas de governabilidade e poderia voltar a sonhar com a
reeleição.
Um roteiro de factóides
Nas últimas semanas, Yeda Crusius trava, talvez, as últimas batalhas
políticas de sua vida. A julgar por todas as pesquisas de opinião de
diversos institutos, o eleitor gaúcho já fez o seu julgamento. Yeda é
considerada a pior governadora que o Estado já teve, creio que desde que
são feitas pesquisas. Ela não tem, portanto, nenhuma chance eleitoral em
2010. Mas insiste em declarar-se candidata, e reiterou esse desejo na
convenção do PSDB no último final de semana.
Yeda Crusius, antes disso, havia iniciado uma viagem a Washington, onde
deveria reunir com o Banco Mundial para obter liberação da segunda parcela
de 650 milhões de dólares de um empréstimo de 1,2 bi que obteve ano
passado. Esse empréstimo é pedra angular de seu governo. É ele, junto dos
cortes realizados, que permitiu o “déficit zero”, apresentado a todos como
sua grande conquista diante das gestões anteriores. Sem essa segunda
parcela, seu governo deve naufragar num mar de dificuldades.
A reunião para negociar a liberação da segunda parcela com Banco Mundial
estava prevista para a última semana. Mas tendo chegado em São Paulo, Yeda
teria sonhado (ou “um anjo” teria ido falar com ela) que sofreria um golpe
de Estado. Alertada pelo sonho premonitório (ou pelo anjo), Yeda retornou
imediatamente e passou a denunciar a tentativa de golpe. O golpista seria
seu vice-governador, Paulo Feijó (DEM), com apoio do poder judiciário e do
poder legislativo. Tudo dentro de um roteiro que parece inspirado em Joana
D'Arc – e, na prática, chega a ser uma ofensa à memória da mártir
francesa.
Porque Yeda não viajou?
Ninguém na imprensa gaúcha se deu ao trabalho de investigar os motivos da
desistência de Yeda de viajar. Na verdade, talvez Yeda não pretendesse
desde o início ir a Washington. Ocorre que as condições exigidas pelo
Banco Mundial para liberar a segunda parcela do empréstimo não foram
cumpridas. Yeda simplesmente não obteria a liberação dos 650 milhões de
dólares de que precisa desesperadamente.
Para prosseguir com o contrato, o Banco Mundial exige que o governo: 1)
Implemente as Oscips, programa para o qual a RBS tem se esforçado em dar
uma cobertura positiva, mas ainda patina; 2) Faça o ajuste fiscal, que
hoje é impossível devido à queda da receita; 3) Implemente um Sistema de
Previdência Complementar (está na Assembleia) e de Gestão Única da
Previdência (já aprovado pela Assembleia), este ainda dependente da adesão
do Judiciário e da Assembleia e que encontra resistências corporativas
instransponíveis em ambos; 4) Imponha novos Planos de Carreira, com ênfase
para o Plano de Carreira do Magistério, acarretando perdas ao
funcionalismo, que resiste de todas as formas. Assim, a viagem seria uma
derrota definitiva.
O financiamento do Banco Mundial foi negociado antes da crise da economia
internacional. Toda a sua lógica é neoliberal, assim como o governo de
Yeda Crusius. A conclusão óbvia é que a governadora não viajou
simplesmente porque não fez o dever de casa, conforme seus financiadores
internacionais. Não foi nenhum anjo que soprou em seu ouvido. Foi o
próprio “Deus Mercado”.
A terceirização do governo
A confusão é tamanha no pampa gaúcho que o PSDB nacional teria decidido
socorrer a governadora tucana contratando uma empresa de comunicação e
gestão de crise para cuidar da sua imagem. Até aí, tudo bem. É
absolutamente legítimo que o PSDB, preocupado com as trapalhadas de um de
seus mais importantes quadros, contrate uma assessoria para auxiliar a
governadora a sair da saia justa em que se meteu.
A julgar, entretanto, pelas informações que circulam nos bastidores da
imprensa gaúcha, tem muito caroço neste angu. Conforme o site
Coletiva.net, especializado nos meios publicitário e jornalístico, uma
empresa paulista, FSB Comunicações, “foi contratada pelo PSDB nacional e
um grupo de empresas, em um pacote de R$ 1,8 milhão”. Ainda conforme
Coletiva.net, a FSB “há cerca de dois meses presta serviços ao Palácio
Piratini”. Além disso, já teria feito pesquisas que repetem os dados de
outros institutos e seria responsável pela demissão do Coordenador da
Assessoria de Comunicação do Palácio Piratini, jornalista Joabel Pereira.
O site Coletiva.net em geral é bem informado e, até agora, ninguém
desmentiu nenhuma de suas afirmações. E todas são gravíssimas.
Quem seriam as empresas interessadas em limpar a imagem de Yeda? A troco
de quê estariam fazendo isso? Como é possível uma consultoria contratada
por um partido e um ”grupo de empresas” estar prestando serviços para um
governo? E, inclusive, demitindo seus dirigentes? Com que autoridade?
Mais: Por que uma empresa investir num governo falido? Quais as razões por
trás disso? Se há um insvestimento, qual é a expectativa de retorno? Pior
ainda: Não estaríamos diante de uma espécie de terceirização ou
privatização do próprio governo do estado? Ou, senão do governo, pelo
menos de sua política de comunicação, dado que, conforme a Coletiva, a
consultoria contratada pelo PSDB e pelas empresas, estaria dando as cartas
no setor?
São tantas as perguntas que talvez a base yedista na Assembleia gaúcha
esteja certa: o melhor é nem dar respostas.
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(Crédito da foto: Antonio Paz / Palácio Piratini )
Paulo Cezar da Rosa
José Antônio Rodrigues da Silva
Gerente Sistema Gestão Integrada
Zandei Indústria de Plásticos Ltda.
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msn: zerodrix@pop.com.br
"Sustentabilidade é ser uma empresa economicamente viável, ambientalmente
correta e socialmente justa."
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